Soneto do Cansaço Moderno
Não! Não me peçam mais paciência vã,
nem o sorriso neutro de quem finge.
O mundo cansa! A alma já se espinha
de tanta pose falsa e voz mundana.
Odeio a multidão, o som, o ar denso,
a estupidez solene e repetida.
Quero a nudez brutal de quem é imenso
por ser só gente simples, sem medida.
Quero silêncio! Corpo que não mente,
abraço inteiro, olhar que diz “estou”.
O resto — todo o resto — é pó ausente.
Se me arrancam a paz, já não me dou.
Sou feito de excesso e de recusa urgente —
E aprendi, por mim, a ser só o eu que sou.
Paulo Brites
Julho/2025
Alentejo - Lago de Alqueva - Mourão - Poemas de Paulo Brites

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