Um Poema às Eternas Mouras dos Castelos

 
Um Poema às Eternas Mouras dos Castelos

Um Poema às Eternas Mouras dos Castelos

A luz do sol que entra neste castelo
não é a mesma luz que banha a terra,
é uma luz antiga, de outro elo,
que o tempo trouxe e a vida desterra.

O castelo é de pedra, e tu és carne,
mas ambos brilham na mesma poesia,
nas tuas curvas o desejo arde,
e na luz do amor tudo se alivia.

Pelas frestas das pedras frias e vastas,
vem como um sussurro de um sonho antigo,
e em cada raio, segredos arrasta,
memórias de reis, lendas que persigo.

Ah, se a luz do sol fosse mais branda,
não saberia pintar-te assim,
mas ao ver-te, a cada curva e demanda,
vejo o castelo — e o mundo — em seu fim.

As pedras brilham num silêncio claro,
como se o ouro do sol fosse eterno,
e nas sombras, o passado é amparo,
o castelo, por dentro, é sempre inverno.

Mas o teu corpo, mulher, é o castelo inteiro,
e nas suas curvas o desejo descansa,
é o reino que procuro, o sonho verdadeiro,
onde cada forma, ao olhar se lança.

Assim, enalteço-te, com a luz devida,
tu, que és castelo e o próprio luar,
curvas que guiam a alma perdida
no labirinto que é amar e sonhar.

Ah, luz suave, que molda a pedra e o ar,
e faz do velho uma beleza infinita!
Este castelo, a brilhar devagar,
é mais do que terra — é alma bendita.

Paulo Brites
Out/2024

Marvão - Alentejo - Poemas - Paulo Brites

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