Poema à Terra de Todos e às Raízes no Mesmo Chão
Não sou de um só lugar, sou do mundo inteiro,
mas a terra que piso tem lei e raiz,
e há em mim, que procuro ser livre e inteiro,
o eco de séculos que muito me diz.
Há um solo antigo que me acolhe o ser,
feito de leis que o tempo quis erguer,
mãos de pedra que levantaram o mundo,
para que nele pudéssemos viver.
Chegam de longe, com passos sem norte,
querendo do solo apenas o abrigo,
mas negam o pacto que a vida comporta,
como se o chão não falasse comigo.
As vozes que trago, diversas e plenas,
são parte do tempo que em mim se revela,
mas há quem se perca em ideias pequenas,
sem ver que a estrada em comum se desvela.
A liberdade não é uma bandeira solitária,
é o laço que nos faz viver em paz,
e ao negar o que no outro é necessário,
perdemos o que a alma nos traz.
Pois na voz distinta de quem nos rodeia,
há um reflexo que a todos pertence,
e só na harmonia de quem bem semeia,
é possível dizer que o futuro floresce.
Paulo Brites
Out/2024
Ayamonte - Andaluzia - Poemas - Paulo Brites
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