Em Cada Praça, um Eco


Em Cada Praça, um Eco

Em Cada Praça, um Eco

Não sou aficionado, nem nunca fui,
mas há um certo respeito no ar
quando o toiro avança, e o mundo recua,
num silêncio difícil de explicar.

Não vibro com o ferro que rasga,
nem com o sangue a tingir a areia,
mas há algo na dança, na espera,
que a história guarda, que a alma semeia.

As praças, essas, ficam de pé,
velhas catedrais de um tempo maior,
onde o medo e a coragem se cruzam,
num ritual de riso e dor.

Não defendo o brilho da espada,
nem o grito que corta o vento,
mas há tradições que são raízes,
e nas raízes vive o sentimento.

Preservar a tourada? Talvez não seja
aplaudir o que hoje já não sinto.
Mas as praças, os ecos, os passos
são memória que não finda, que não minto.

Deixo ao tempo essa escolha final,
se a arena há-de ser viva ou vazia,
mas em cada pedra há um sinal,
de que a tradição é mais que agonia.

Paulo Brites
Out/2024

Almadén - Ciudad Real - Castilla-La Mancha - Espanha - Poemas - Paulo Brites

Enviar um comentário

0 Comentários