E assim, nos Castelos, as Portas se abrem

 
E assim, nos Castelos, as Portas se abrem

E assim, nos Castelos, as Portas se abrem

As portas dos castelos, antigas, pesadas,
guardam em silêncio os segredos do mundo,
e eu, que sou ninguém, vejo nelas atravessadas
os Reis que em sonho fizeram o seu rumo.

O sol, eterno e livre, entra sem bater,
e doura os arcos de pedra e a história calada,
como quem pergunta sem nada querer saber,
aos muros, a razão de ser guardada.

Oh, portas abertas ao vento e ao tempo,
de que serve o vosso fechar, se o dia
rasga a sombra com um simples momento,
e o sol entra, sem pedir, como poesia?

Sou eu, e não sou, sou tudo o que passa,
como o sol nas portas que o nada detém;
o que foi não é, o que vem desgraça
a mão que, sonhando, tenta ser alguém.

E assim, nos castelos, as portas se abrem
ao sol que insiste, como a vida insiste,
e eu, entre o sonho e o nada, me perco
na luz que entra e que de mim não desiste.

Paulo Brites
Outubro/2024

Alcalá la Real - Jaén - Andaluzia - Poemas - Paulo Brites

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