O poeta na noite da ilusão

 
O poeta na noite da ilusão

O poeta na noite da ilusão

Na noite os poetas acordam,
tal qual corujas famintas por atenção,
as palavras voam e ecoam,
criando ilusões em profusão.

A lua, tal qual uma lâmpada sem brilho,
guia as suas mentes perdidas e tolas,
enquanto versos vazios se emaranham em novelo,
tal qual teias de aranha num mar de marolas.
 
Mergulham na escuridão como peixes cegos,
acreditando na ilusão,
as palavras são como anzóis sem pregos,
no valor das linhas da invenção.

A noite, cúmplice desses jogos de engano,
assiste às façanhas do poeta de ocasião,
que com analogias vazias vive o seu plano,
enquanto a verdade se perde na confusão.

Oh, poetas noturnos, com as suas rimas de areia,
cegos pela própria pretensão,
que na sua ironia e fantasia alardeiam,
num falso reino da criação.

Paulo Brites
Agosto de 2023

Alentejo - Alcácer do Sal - Poesia 

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