Pratos cheios de fome que fazem Rir

 

Pratos cheios de fome que fazem rir

Num espaço gourmet, prazer achar,

onde o chef com talento e grande pinta,

adota um nome fino, de tal tinta,

que o tomate é francês, ao degustar.

Em ruínas, rasga o chef a mão,

espaço rústico, diz, querendo atrair,

as almas que buscam o luxo no ar,

com ervas exóticas para degustar.

Poliglota é útil, imprescindível,

para decifrar ementas estrangeiras,

que trazem sabores pouco críveis,

e deixam as papilas lisonjeiras.

Peixe e carne, básico na verdade,

mas o resto, invenção para cobrar,

amendoins e tremoços, iguarias para sonhar,

das entradas à sobremesa, aí que vaidade.

Pratos cheios de fome fazem rir,

o foco é saborear a composição,

mel com mostarda, uma sedução,

e um robalo crossfit para elevar a degustação.

As contas, altas, em caixas escondidas,

como peças raras de Las Vegas trazidas,

música chillout pra relaxar,

empregados em pontas, é a elegância no ar.

Num restaurante fino, o mar a pensar,

história portuguesa, o que inspira,

e paga-se a mais, por essa mira,

carapau, sardinha, cozido, na mente a voar.

Enfim, a gastronomia evoluiu,

diversas faces, paladar aflorado,

cada um a seu gosto, bem-aventurado,

a comida, a arte, em sonhos se viu.

Paulo Brites

Julho de 2023