A sabedoria no gesto de deixar

 
A sabedoria no gesto de deixar

A sabedoria no gesto de deixar

No campo onde as flores se erguem sozinhas,
vejo um malmequer que brilha ao sol sereno.
Não a toco, não a levo para mim,
pois na sua quietude reside o encanto pleno.

Colher uma flor é perder-lhe a alma,
roubar-lhe o ar que a mantém viva e pura.
Prefiro o silêncio do olhar que a acalma,
do que o gesto que a prende à minha loucura.

Não há beleza maior que vê-la existir,
ser flor sem destino, sem fim que a condene.
O meu gesto mais puro é apenas sentir,
deixar que no vento ela só se mantenha.

Há um segredo em não possuir,
uma sabedoria no gesto de deixar.
A flor que fica no seu lugar a sorrir
é a que na minha alma, continuará a morar.

Paulo Brites
Setembro de 2024

Poesia - Paulo Brites

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