Se Poeta nasci, Poeta morrerei …

 
Se Poeta nasci, Poeta morrerei …

Pedro, tive o privilégio de ter privado contigo, por isso sei que não te importas que altere o título do teu poema. Também sei que sabias, que poderia ter sido escrito por mim, tal é a sintonia de pensamento e sentimento. Sei disso. Grande abraço, estejas onde estiveres.

Se poeta nasci, poeta morrerei …

Não me perguntem, coisas daquelas que eu não creia,
não me perguntem, coisas daquelas que não sei,
remeto para os senhores, todas as decisões do mundo,
tais como governar, fazer decretos lei.

No meio da tempestade, no meio das sapiências,
se poeta nasci poeta morrerei,
nem homem de gravata, nem homem de ciências,
apenas de mim próprio, e pouco, serei rei.

Das decisões do mundo, lerei o que entender,
que dentro de mim mesmo às vezes nasce um rio
e é esse desafio que nunca hei-te esquecer
e é essa a diferença, que faz o este feitio,

mas digam por favor, de onde nasce o sol,
que eu basta-me o calor, para lá me voltarei,
e saibam já agora, que se eu lavrar a terra,
me bastará que chova, que o resto eu o farei.

E digam por favor se o dia amanheceu,
e bastará o azul, que em ave me tornei.

Mantenham com cuidado, as árvores e estradas,
pr'a gente poder ver, p'ra gente circular,
que eu basta-me saúde, e o sonho tão distante,
e a boca perturbante, que tu me sabes dar.

E a festa de viver, e o gozo e a paisagem
nesta curva do Tejo, soprando a brisa leve,
e na tranquilidade assim nesta viagem
parasse o tempo aqui, eterno fresco e breve,
que eu voo por toda a parte, mas noutro horizonte,
e vivo as coisas simples, e rio da ambição,

e ao fim de tanto ver, escolherei um monte,
de onde assistirei, sorrindo, ao vosso enfarte,
da ânsia de possuir, da ânsia de mostrar,
da ânsia da importância, da ânsia de mandar,
mas digam por favor, de onde nasce o sol,
que eu basta-me o calor, e para lá me voltarei,

e saibam já agora, que se eu lavrar a terra,
me bastará que chova que o resto eu o farei
e digam por favor se o dia amanheceu
e bastará o azul, que em ave me tornei.

Pedro Barroso
Poema do Lavrador de Palavras aos Políticos



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