Terra de Ninguém – Imagens da Minha Objectiva

 

Terra de Ninguém – Imagens da Minha Objectiva

Terra de Ninguém – Imagens da Minha Objectiva


Olha o cigano
chegou à vila
de chapéu preto e o mundo na mochila
abriu o saco
montou a banca
subiu o pano e fez uma feira franca

Viva o cigano
viva o cesteiro
que vende o mundo por pouco dinheiro
aí, venham todos a correr para vê-lo
junto à igreja matriz
a equilibrar uma escova de cabelo
mesmo na ponta do nariz

Olha o cigano
entre as mulheres
a vender meias, colchas e talheres
vende perfumes
terços e pentes
anéis e sedas e pasta dos dentes
vende santinhos
pedras de jade
e as pomadas da eterna mocidade

E sabe dançar a dança da chuva
e deitar as cartas à gente
engolir fogo e caminhar sobre o vidro
e encantar uma serpente

No fim do dia
quando ia embora
eu quis saber onde é que o cigano mora
mostrou-me um mapa
de cor sumida
onde corriam os rios da vida
eu moro aqui
eu moro além
moro no mundo na terra de ninguém

Viva o cigano dos quatro caminhos
a tocar a flauta de pan
entre tesouras, guarda-chuvas e navalhas
o seu destino Deus dará

Viva o cigano
um aldeeiro
que vende o mundo por pouco dinheiro
viva o fulano
no seu vaivém
que tem vivenda na terra de ninguém
viva o cigano
viva o paisano
que já é noite e vai cair o pano

E fez comigo um negócio da China
vendeu-me a terra de ninguém
e pelo preço irrisório de um sorriso
vendeu-me as estrelas também

Viva o cigano!
Viva o paisano!
Viva o sicrano!
Viva o fulano!
Viva o cigano!
Viva o cigano!
Viva o paisano!
Viva o sicrano!
Viva o fulano!

Letra e música: Carlos Tê




Alentejo – Cavalo – Cigano – terra de ninguém – Rui Veloso – Carlos Tê – Miguel Araújo

Enviar um comentário

0 Comentários