No Teu Poema – Imagens da Minha Objectiva

 

No Teu Poema – Imagens da Minha Objectiva

No Teu Poema – Imagens da Minha Objectiva

No teu poema
existe um verso em branco e sem medida
um corpo que respira, um céu aberto
janela debruçada para a vida

No teu poema
existe a dor calada lá no fundo
o passo da coragem em casa escura
e, aberta, uma varanda para o mundo

Existe a noite
o riso e a voz refeita à luz do dia
a festa da Senhora da Agonia
e o cansaço
do corpo que adormece em cama fria

Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste
que vence ou adormece antes da morte

No teu poema
existe o grito e o eco da metralha
a dor que sei de cor, mas não recito
e os sonos inquietos de quem falha

No teu poema
existe um canto, chão alentejano
a rua e o pregão de uma varina
e um barco assoprado a todo o pano

Existe um rio
o canto em vozes juntas, vozes certas
canção de uma só letra
e um só destino a embarcar
no cais da nova nau das descobertas

Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste
que vence ou adormece antes da morte

No teu poema
existe a esperança acesa atrás do muro
existe tudo o mais que ainda me escapa
e um verso em branco à espera do futuro


José Luís Tinoco






Carlos do Carmo – no teu poema – lagoa de Santo André - poesia – Alentejo – Paulo brites fotografia -  José Luís Tinoco – imagens da minha objectiva

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